4.2.14

3º MB

Trabalho, Realização e consumo.
O que é trabalho?
O conceito de trabalho é formado por elemento teológico que teve influência no ocidente greco-romano-helenista chegando até os nossos dias. Como mostra o Livro do Gênesis (3, 17); depois de pecar o homem foi amaldiçoado, ficando condenado a extrair seu sustento do suor, do cansaço, do labor de seu trabalho: “comederes maledicta terra in opere tuo in laboribus comedes eam cunctis diebus vitae tuae”.

A concepção de trabalho sempre esteve predominantemente ligada a uma visão negativa. Na Bíblia, Adão e Eva vivem felizes até que o pecado provoca sua expulsão do Paraíso e a condenação ao trabalho com o “suor do seu rosto”. A Eva coube também o “trabalho” do parto.
O termo trabalho é originário do latim tripalium, que designa instrumento de tortura. Por extensão, significa aquilo que fatiga ou provoca dor.  Na etimologia da palavra trabalho, ou (tripalium), do Latim, um instrumento romano de tortura, espécie de tripé formado por três estacas cravadas no chão, onde eram supliciados os escravos. "tri" (três) e "palus" (pau) - literalmente, "três paus". Daí o verbo tripaliare (ou trepaliare), que significava, inicialmente, torturar alguém no tripalium.
Será que trabalhar é uma condição essencial ao homem? Ou o homem só trabalha por necessidade e pela ameaça de extinção se não trabalhar?
 
O Trabalho na antiguidade
Dizia Aristóteles, sobre o trabalho: “Todos aqueles que nada têm de melhor para nos oferecer que o uso de seu corpo e dos seus membros é condenado pela natureza à escravidão. É melhor para eles servir que serem abandonados a si próprios. Numa Palavra, é naturalmente escravo quem tem tão pouca alma e tão poucos meios que deve resolver-se a depender de outrem […] O uso dos escravos e dos animais é aproximadamente o mesmo.”(RIBEIRO, L. p.196).
Na cultura grega, cabia aos cidadãos a organização e o comando da polis. As funções dos escravos eram restritas à atividades inferior de transformação da natureza em um bem determinado pelas camadas superiores.
Em Roma, permaneceu a divisão entre a arte de governar e o trabalho braçal. Sendo o império fundado na escravidão, o trabalho braçal era visto como degradante e destinados aos povos dominados, tidos como seres inferiores.
 
O Trabalho na economia de mercado
No capitalismo o trabalho se transforma em valor de troca onde o homem vende sua força de trabalho para realizar a reprodução social – consumir e produzir. É um trabalho alienado onde o trabalhador não se reconhece naquilo que produz, não domina todo o processo de produção. O trabalhador não é o dono dos meios de produção e de trabalho, estes pertencem ao capitalista, que se baseia no lucro e na mais-valia, ou seja, no excedente do trabalho humano, que não é repassado ao trabalhador.

Ocorreu a separação entre o trabalhador e a propriedade dos meios de produção. Desse modo podemos afirmar que a essência do sistema capitalista encontra-se na separação entre o capital e o trabalho.

No século XVII, Pascal inventa a primeira máquina de calcular; Torricelli constrói o barômetro; aparece o tear mecânico. A máquina exerce tal fascínio sobre a mentalidade do homem moderno que Descartes explica o comportamento dos animais como se fossem máquinas, e vale-se do mecanismo do relógio para explicar o modelo característico do universo (Deus seria o grande relojoeiro!).

Para
Kant, o homem é o único animal voltado ao trabalho. É necessária muita preparação para conseguir desfrutar do que é necessário à sua conservação. Mesmo que todas as condições existissem para que não houvesse necessidade do homem trabalhar, este precisa de ocupações, ainda que lhe sejam penosas. A ociosidade pode ser ainda um maior tormento para os homens.

Michel Foucault tem outra perspectiva: em todos os momentos da história, a humanidade só trabalha perante a ameaça de morte, qualquer população que não encontre novos recursos está voltada à extinção e, inversamente, à medida que os homens se multiplicam, empreendem trabalhos mais numerosos, mais difíceis e menos fecundos. O trabalho deve crescer de intensidade quanto maior for à ameaça de morte e, por todos os meios, terá de se tornar mais rentável, quanto menos acesso as subsistências existirem.

Para
Marx, o trabalho é o prolongamento da atividade natural do homem, mais tarde conclui que a força de trabalho é uma mercadoria e que, para viver, o proletário vende ao capital.

Segundo Marx, o trabalho denuncia uma exploração econômica e uma situação em que o homem não se revê no seu trabalho mecanizado e repetitivo, ou seja, não obtém a realização profissional que deveria obter, referindo-se a uma essência do homem que seria suposto o trabalho completar.

Consumismo: felicidade maquiada
A Propaganda vende felicidade ou infelicidade?
Através de meios de comunicação como rádio, televisão, jornais, revistas, outdoors, internet, entre outros, a mídia tem realizado o seu trabalho de convencer as pessoas a consumir. Para isso utiliza-se de artistas famosos que incitam o público a comprar os produtos. O homem cresce vivenciando esse mundo manipulado pela mídia, e acreditando que a felicidade possa ser encontrada quando se adquire determinada marca de roupa, calçado, carro, jóia, celular, entre outros. Divulga-se a ideia da felicidade comprada. O papel da propaganda é nos deixar infelizes com que temos e criar o desejo de possuir o novo para ser feliz.

O indivíduo que cresce nesse ambiente consumista dificilmente aprende valores subjetivos que o edificam como ser pensante e emotivo. Decorre disso a dificuldade de se preencher o vazio interior, o que é buscado no consumo de bens concretos e superficiais. Tais bens são dispensáveis à felicidade? Difícil saber. Eles trazem a realização pessoal buscada pelo homem?

Jonh Locke
, disse que, ao vivermos em sociedade, somos de certa forma obrigada a nos moldar a seus contornos. Vivemos em uma sociedade capitalista, uma sociedade em que o consumo desenfreado parece ser a cada dia mais comum, seguindo uma lógica como: "compro, logo existo". As pessoas perderam sua individualidade, são agora simplesmente consumidores.

Agora, na era da informática, esse consumo foi até facilitado, por meio da internet. No cotidiano, o consumismo é estimulado e vendido como felicidade.


1) O que é a realização humana?
2) O que é o trabalho?
3) De que forma a realização humana pode estar relacionada positivamente ao trabalho?
4) Todo o trabalho humano pode ser considerado fonte de realização? Justifique.
5) Explique porque o trabalho já possuía uma visão de punição no Antigo Testamento.
6) Explique porque, muitas vezes, há conflitos entre o trabalho e a realização humana.
7) Como era compreendido o trabalho na Antiguidade greco-romana?
8) De que forma Aristóteles justifica a escravidão?
9) Que importância tinha o ócio às culturas grega e romana?
10) Como era compreendido o trabalho no período medieval?
11) Que diferenças podem ser apontadas entre as justificativas sobre o trabalho braçal na Antiguidade e na Idade Média?
12) De que forma a economia de mercado compreendia o traba
lho?




A história do trabalho

 O início
No passado, o homem trabalhava para produzir o que consumia, seja em roupas, alimentos ou moradia.
Ao constituir as primeiras sociedades, ou povos, o trabalho era recompensado por mercadorias (escambo), como uma espécie de troca.
Até então, era possível obter um trabalho através de uma simples conversa, sem exigir qualquer tipo de documentação ou comprovação de experiência anterior.

O trabalho escravo

Com a introdução da pirâmide social, aos menos favorecidos, foram atribuidos trabalhos sem remuneração, e em geral sequer recebiam em contrapartida, moradia e alimentação para a sua subsistência.
Predominavam os deveres do trabalhador, sem direito algum.



Trabalho formal
Com a chegada da industrialização, a partir do século XVIII e XIX, foi criado o trabalho formal, onde eram definidas as tarefas e a remuneração devida.

O contrato de trabalho

No século XX, foi instituído o contrato de trabalho, contendo regras que regem os direitos e deveres entre patrões e empregados.
Criou-se então, as primeiras classes trabalhadoras, com a classificação em cargos, funções, atribuições e salários.

A CLT

No Brasil, mais especificamente no Governo de Getúlio Vargas, foi instituída a maior legislação trabalhista do País, a CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas, representada pela popular carteira de trabalho, onde o trabalhador brasileiro passou a ser reconhecido pelos seus direitos, além de receber benefícios como férias, décimo terceiro salário, FGTS, aposentadoria, entre outros.
Foi uma solução para garantir um sustento mínimo para as necessidades do trabalhador e de sua família, frente ao capitalismo selvagem voltado a vida de consumo crescente.


Notas:
05/07/1962 - Introduzido o 13º salário
13/09/1966 - É criado o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço)



Terceirização
A partir de 1980, diante de um mercado competitivo, as empresas passaram a atuar com foco dirigido tão somente ao negócio.

Todas as outras atividades, consideradas de apoio, foram trasferidas paulatinamente para empresas externas, processo esse denominado de terceirização.
Isso resultou em um deslocamento da mão-de-obra das empresas para as chamadas consultorias externas ou empresas de prestadora de serviços.

O trabalho informal
Diante de um mercado recessivo, com muito mais demissões que contratações, surgiu o trabalho informal, através de serviços sem documentação ou qualquer tipo de registro.
Embora sem direitos ou garantias do amanhã, para muitos foi a única saída.

Cooperativismo
Devido ao aumento da classe trabalhadora sem registro em carteira, muitos com os chamados de "contratos de gaveta", e até com vínculo informal, foi constituído um novo setor na absorção da mão de obra, o das cooperativas de trabalho.


É uma forma de contratação oficial, através da própria carteira de trabalho, onde o trabalhador contratado por uma determinada cooperativa fica lotado na empresa contratante dos serviços desta.
Todo tipo de vínculo, sejam documental, direitos, deveres ou benefícios é entre o trabalhador e a cooperativa.

Qualificação no trabalho
Com o surgimento do computador, e o crescente uso da tecnologia no trabalho, ela (a tecnologia) tem auxiliado e até substituído o homem em muitas de suas tarefas.
Assim, o trabalho no mundo moderno exige cada dia mais uma qualificação do trabalhador.
Aqueles que não conseguem a qualificação exigida, estão a mercê do desemprego.
Trata-se de um realidade cruel.


 

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