9.1.18

AMOR, PAIXÃO

                     O coração é o mesmo, mas a forma de manifestar os sentimentos é o que faz a diferença entre o amor e a paixão.
           A paixão é a mãe do sofrimento, já que implica desejo, trazendo a dor por não conseguir o bem do desejo, ou que a idéia seja posta em prática, ou ainda que a pessoa querida seja sua e, tendo conseguido, existirá a dor pelo risco de perder, ou ainda a dor quando perder tudo isto, já que tanto as pessoas, quanto as idéias e objetos, infalivelmente se separarão de nós neste mundo material.
            A partir deste raciocínio, passamos a entender também que a nossa felicidade jamais pode estar calcada em algo que seja exterior a nós,  pois, mais cedo ou mais tarde, perecerá junto com o objeto do desejo, ao passo que a verdadeira felicidade não provém da paixão e sim do amor, já que o amor como sentimento nos une ao eterno, ao cosmo e, consequentemente, a tudo o que existe. Destarte, somente pelo caminho do amor podemos ser felizes e verdadeiramente livres, enquanto pela paixão  tornamo-nos escravos dos bens desejados e infelizes em face da temporalidade dos objetos da paixão.
         “Em geral concebe-se a paixão como um sentimento avassalador. Já o amor é comumente reconhecido como uma emoção que associa entrega, confiança, paz e doação”, explica Camila Aloisio Alves psicóloga e professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis.
         Quando se ama, a entrega e confiança são os guias da relação, que se solidifica através do reconhecimento do outro enquanto sujeito e não como objeto de prazer.
        A psicóloga Camila Aloisio Alves indica ainda que a grande diferença entre amor e paixão pode estar no fato de, no amor, o intento ser o de alimentar uma vida juntos. “No amor, doar e receber afeto permeiam a construção dos relacionamentos”, diz a psicóloga. Já na paixão, a saciedade e o imediatismo são as formas mais evidentes de viver o sentimento.
             O amor Eros. Ele é definido por Platão como um amor ligado à ideia do desejo. Amar alguém, portanto, significa desejar fortemente aquela pessoa.
              “A partir do momento que eu concretizo o desejo, ele deixa de existir e, desta forma, o amor também deixa de existir”. Ou seja, o amor Eros é o desejo por algo ou alguém que desaparece quando é satisfeito.
         O amor Filos. Esse é defendido por Aristóteles como um amor vinculado à ideia de alegria. Amar alguém é sentir-se alegre com a pessoa que você divide a vida e os sentimentos. Significa que o amor só existe quando faz o casal feliz.
         O amor Ágape. Dentro do pensamento cristão, o amor é idealizado pela renúncia. Amar alguém é ter uma atitude de amor com o outro sem esperar nada em troca. “Você simplesmente renuncia em favor do outro, sem esperar o retorno disso”.
        O Filos é o amor que é associado, por exemplo, à amizade. O amor entre irmãos, ao companheirismo que se desenvolve num casal. Porque, dentro do conceito filosófico, você pode perfeitamente amar uma pessoa sem estar apaixonado por ela.
        A paixão independe do amor e vice-versa.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário